
Sim, sou poeta!
Não porque eu quis sê-lo
por orgulho, ou por soberba,
mas porque alguém, certo dia,
simplesmente disse que eu o sou.
Sou poeta por aprendizagem!
Pois aprendi a ver a beleza
das pequenas coisas que são,
e a admirar o valor do manhecer
de um dourado por do sol.
Aprendi que amar vale a pena, sempre!
Que um sorriso sincero cura dores,
que o vento no rosto traz sempre saudade,
e que o choro, se de tristeza ou de alegria,
é o melhor purificador de almas que existe.
Sou poeta por amar!
Amo incondicionalmente, sem reservas,
sem rótulos, nem enfeites, ou dissimulações;
sem preconceitos, sem medo e sem vergonha.
Sou poeta por pura necessidade,
Pois necessito imperativamente escrever.
Colocar algo no papel é quase como uma doença,
e o simples ato de dizer
equivale sempre a um grito de pura liberdade.
Necessito transbordar o efêmero ato de ser
ou de fazer algo belo.
Sou poeta por viver
sim, eu vivo!
E esta curiosa e perigosa condição
por si só já é um fato de extrema poesia.
Sou poeta por ver
e apreciar com extrema atenção
aquilo que não pode ser descrito com palavras.
Guardo em silêncio e segredo
as entrelinhas e as reticências da vida.
Sou poeta por pura paixão!
Porque esta é a única condição de existência que eu conheço,
pois meu coração se recusa a tornar-se um solo árido,
pois de que serve um jardim sem flores?
Enfim, sou poeta por ser gente!
então, se somos todos gente
quem de nós não é,
em algum momento da vida, poeta?